Apaixonada por você!

"Eu me encostei nos armários, enquanto observava meus amigos entrarem no laboratório. Suspirei e olhei para o relógio. Não sabia o que tinha feito na noite passada, só sabia que era errado. Pedir a Deus o amor de alguém, quando esse alguém deveria me dar o seu amor, por espontânea e livre vontade era extremamente errado. Estava ansiosa - e receosa - para vê-lo. Ainda estava de cabeça baixa quando senti seu perfume no ar. Ele guardava suas coisas no armário ao lado do que eu estava encostada e tentava não sorrir. Meu coração batia escandalosamente, e algo embrulhou-se dentro de minha barriga. "Tudo bem." Disse para dentro de mim. "Não vai doer." Esperei ele se aproximar, e ele o fez. Me abraçou devagar e eu respirei fundo, tentando controlar meu corpo. Minhas mãos tremiam e eu sabia que se falasse agora, gaguejaria. Esperei alguns segundos. Ainda em silêncio, sem olhar em seus olhos, peguei suas mãos com minhas mãos, e num instante rápido elas estavam em meu peito esquerdo, e meu corpo respirava junto comigo.
- Você é responsável por isto, - Eu tentei parecer furiosa. Mais fracassei mais uma vez. - por favor, o faça parar.
- Eu não quero. - Ele me olhou nos olhos e estava sorrindo tão leve, tão suave... Tão meu.
- Não quer me impedir de ter um ataque cardíaco? - Eu brinquei. Depois sorri, como fazia de costume.
Ele sorriu, estava feliz. Como sempre.
- Minha morte te deixa feliz? - Minha voz soou risonha, e eu não conseguia mais ficar séria.
- Te ter por perto me deixa feliz. - Ele dessa vez falou sério. Ficou parado, depois bagunçou meu cabelo. Eu disfarcei.
- Temos que ir.
- Eu sei.
Eu sorri, e depois o beijei de leve. Ele sorriu.
- Agora quero ficar.
- Pode ficar comigo até quando isso durar.
- Muito bem, isso - ele apontou para o meu coração - vai bater por mais alguns 80 anos, então dá para levar.
- Obrigada por querer que eu morra tão cedo.
- De nada.
Ele se afastou e entrou primeiro no laboratório. Eu tentei me recompor, mais era impossível. Era impossível não amá-lo, não sentir meu corpo tremer, meus lábios pedirem mais beijos. Eu queria ser feliz, e havia acabado de encontrar minha felicidade. Minha simples, humilde e fantástica felicidade."