quinta-feira, 31 de março de 2011

Irmandade ç2




Quando eu cair e ralar minhas mãos e joelhos no chão, não irei me importar porque sentirei seus braços me ajudando a levantar, quando eu estiver nos meus dias de atacada, berrando e esperniando você sentará calma e paciente na minha frente, me abrirá um sorriso, ficará imóvel e em silêncio esperando minha crise passar. Quando eu chorar descontroladamente sem motivos, você deixará as lágrimas caírem, e ao término do meu choro me dirá "está tudo bem, eu estou aqui." Quando eu bater o pé, com a minha perfeita teimosia, você pegará minha mão e me mostrará suavemente que eu desta vez estou errada. Você, sempre você, guardará meus segredos, feito um diário ambulante e os levará do jeito que os recebeu, você irá me tirar do poço mais fundo e escuro, não importa se o tempo vai derreter ou congelar, você irá me amar cegamente e amar meus defeitos, você irá me puxar fortemente e me manter fixa no chão, ao seu lado, enquanto eu estou numa tentativa ridícula de cometer o suicídio. Você me olhará nos olhos e me dirá "você não pode me abandonar, porque eu nunca te abandonei." Você sempre fez tudo para que esse laço infinito de cumplicidade e irmandade não desate inutilmente ao chão, e você mesma sabe que eu seria cinzas amarelas, sem você. Você sempre saberá que eu necessito de você, como qualquer criança de sua mãe, e é por isso e por tantos inúmeros sentimentos que você está aqui, agora, me dizendo que tudo pode acabar, estrelas, sol e mundo, mais permanecerá vivo, aquilo que você batalhou tanto para manter de pé.

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