terça-feira, 5 de julho de 2011

"É o seguinte, Maria... Eu sou casado" Foi o que André disse ali na cama, logo quando acordou. Foi a primeira frase que Maria escutou naquela manhã. A noite tinha sido perfeita, com direito a flores e declarações, mas pelo que se vê, o inicio do dia seguinte não foi tão bom assim. Maria mal tinha aberto os olhos, mas se levantou rapidamente com o susto, pensando ainda estar dormindo.
- Você é o que? - perguntou Maria, com lágrimas nos olhos.
- Casado, Maria... Eu sou casado - respondeu André, com a mão na cabeça, sem nem olhar nos olhos de Maria de tanta vergonha.
- CASADO? Mas... Nós estamos juntos a 2 meses, André.
- É, quero deixar isso bem claro. Tenho medo, isso sempre foi um segredo... Sou casado e se você quiser, vai ter que ser assim.
- Eu te amo, André. Como você pode fazer isso comigo? - perguntou Maria, chorando e pra surpresa de André, ela não mostrava nenhum pingo de raiva.
- Eu amo você também, Maria. Mas amo mais a minha mulher... Sabe, é muito difícil pra mim ter que te falar isso, mas eu não agüentava mais esconder.
Maria levantou da cama, pegou suas coisas e foi embora, sem querer ouvir mais nada daquele homem. A partir daí, Maria mudou... Passou de mulher decidida para mulher fraca e triste. Não viu André por mais ou menos 3 semanas, sentiu uma falta imensa, chorava todos os dias até que André ligou, dizendo que queria conversar. Marcaram um encontro. André estava mal sem Maria, mas que continuava casado e indeciso.
- Maria, eu amo você, volta.
- André, eu te amo muito, te dividir dói.
- Eu prometo te dar mais atenção, mas, por favor, volta.
Maria abraçou André, era um abraço de alívio.
- Não me importo mais se você é casado ou não e não vou abrir mão desse amor. Só quero mais um pouco da sua atenção, pra mim tanto faz ser a outra ou não, te amo e volto sim. O que tiver que ser, será.
E tudo voltou ao normal.
Certamente, você que está lendo esse texto está revoltado, pensando: ”Essa Maria é muito burra mesmo, o tal do André fez ela de otária e vai continuar fazendo pelo resto da vida.” ou “Que história mentirosa, uma mulher otária dessa não existe” Pelo menos é o que eu acho... Essa mulher não tem o mínimo valor, mas que histórias desse tipo acontecem... Acontecem sim! E o que é que vocês acham? Vale tudo quando se ama? Ou é mais importante o amor próprio?
Ei, você aí, que está escutando uma música melosa que te faz lembrar aquele cara que balança contigo há anos. Dá stop nessa música agora e presta atenção no que eu vou te falar. Hoje não vai ser só um texto, vai ser um protesto. Se você está pensando que é uma completa idiota, eu te digo que não é. E me atrevo a dizer que não existe menina nenhuma nesse mundo que não passou isso pelo menos uma vez na vida. Esse cara, esse mesmo que você fica horas vendo fotos no Facebook, olhando os scraps das amigas dele no Orkut, com a página dele aberta no Twitter esperando aparecer o (1) lá em cima, ou esperando aquela ele entrar no msn.. Esse cara não tá nem aí pra isso. Iguais a você, várias meninas fazem isso, e ele provavelmente ficou com uma delas ontem. E onde você estava? Em casa escutando aquela música melosa “de vocês dois”. Mas vocês são amigos, conversam horrores, tem o mesmo gosto musical, o que é raro. E você se encanta por ele de tal forma que o apego vira uma prisão que você criou pra você mesma! Pare de escutar a música, eu sei que você não parou. Eu também não pararia. Não pararia porque isso faz com que meu vazio interior sinta alguma ponta de suprimento autossuficiente de amor, ou melhor, de ilusão. E o que seria desse mundo sem ilusão? O que você faria às 3 horas da manhã de um sábado que você não saiu a não ser navegar no seu barco furado por todas as coisas que ele tem na internet? Nada. Mas você sabe por que você não faria nada? Porque você não quer fazer. A vida tá muito boa, o cachorro do vizinho tá bem alimentado e você tá aí, parada na vida. Com esse pensamento de conformismo com a trágica vida de rainha do drama que você tem, as oportunidades se esvaem como o amor próprio que você já não tem mais. A pergunta é: por que prefiro insistir num passado morto, gasto e sofrido ao invés de se aprontar como a diva que é, e curtir a vida? Você que ainda está escutando a música, você que diz que sua vida é uma droga: você já deu uma chance a você mesma? Você já saiu do seu mundo de planos furados? Por favor, mude a música e veja como a vida também muda. Garanto que a menina no seu espelho não vai se arrepender. Digo por experiência própria, mude a música, a vida irá mudar!
"Eu desabei no sofá que cheirava a gatos, joguei a cabeça para trás e suspirei. Ele sentou-se ao meu lado e me fitou por um breve momento. Senti sua ansiedade e olhei fundo nos seus olhos, e aqueles olhos brilhavam com tanta intensidade que me prendiam naquele universo que era somente nós dois.
- Sei que se você continuar mais um segundo sem me fazer essa pergunta, seu coração vai sair saltitando descontrolado pela rua. - Eu fiz uma careta, quando terminei de fitar aquelas rugas que se uniam em sua testa corada.
- Tá legal. Mais não fica com raiva ta bem? - Ele resmungou.
- Você tem dois segundos.
- Você ... você ... você gosta dele?
- Sim.
Ele soltou um longo suspiro e resmungou.
- É, isso era óbvio. Mais você gosta mais dele ou mais de mim?
- Não é questão de gosto. É de diferença. Você é meu melhor amigo e ele é o ... bem, é o cara que eu gosto.
Suas sobrancelhas se uniram numa dúvida enorme.
- Ele é seu namorado?
- Ainda ... não.
- Que bom.
Eu explodi gritando com ele.
- Como você acha que eu me sinto, envolvida com o cara mais famoso do planeta, quando o meu melhor amigo e jornalista tem a missão de perseguir a vida pessoal dele? Sabendo que está nas suas mãos o meu destino? Virar celebridade ou não! E então, o que você acha, que eu realmente devo te contar alguma coisa se daqui há menos de 24 horas todas as revistas estarão com a minha foto e a dele estampadas na capa? "A vigésima namorada". Como acha que eu me sinto? Eu não quis isso! Aliás, eu não quero. Não quero a fama, o dinheiro, eu só quero ele, comigo, como pessoas normais que saem pra trabalhar no hospital, no escritório e voltam cansadas, tomam um banho, pedem uma pizza e dormem juntos, sem se preocupar com mais nada!
- Então acaba logo com isso. Afaste-se dele e o mundo não precisa saber sobre vocês dois.
- Ah, cala essa boca! E quer saber? Pode passar a notícia pra redação, pra quem você quiser. É ele quem eu quero, ele sendo bonito ou feio, pobre ou rico, famoso ou desconhecido. E sua chantagem não pode arrancar isso de mim.
Eu me levantei, fui até a porta e a abri exageradamente.
- Saia, você não é mais bem vindo aqui.
Eu tomara aquela decisão porque meu melhor amigo estava querendo tirar a coisa mais importante do mundo para mim. E se eu tivesse de magoá-lo também para impedi-lo, eu o faria. Porque o amava. E quem ama magoa. Um dia ele entenderia, que por mais que você ame alguém, por mais que esse alguém signifique algo para você, se um dia ele chegar a magoá-lo o amor não deixa de existir, mais se recolhe num abrigo, a espera do perdão.
Ele levantou-se e caminhou furioso até a porta, me olhou por alguns instantes e seus olhos ainda brilhavam. Ele abaixou a cabeça e saiu. Eu fechei a porta e me joguei ao chão, abraçando meus joelhos, sentindo a dor escorrer por meus olhos. Eu esperaria a mágoa passar, e então se ele pudesse e quisesse vir me pedir perdão eu o perdoaria, porque também o amava, como o melhor irmão que Deus pode me dar."

Sobrevivência



Eu, como boa romântica, sempre acreditei que o coração explica tudo aquilo que a gente não sabe direito. E essa é a mais pura verdade: o coração, sábio, resolve a nossa vida num passe de mágica. Basta a gente acreditar no que ele diz e, principalmente, se permitir. Ninguém disse que é fácil se relacionar. É por isso que muitos têm medo. É por isso que tantos outros preferem relações de uma noite, um final de semana, um mês. É por isso que muita gente troca de parceiro como quem troca de calcinha. Relações duradouras e casamentos longos são espécies raras hoje em dia.Já tive medo também. Medo do encontro comigo, receio do encontro com o outro. Um pavor de perder o que conquistei - e o que deixei a vida me ensinar. Um medo, forte, de não me reconhecer, de pedaços meus fugirem (para nunca mais voltarem). Bate uma aflição: e o meu espaço, e eu, e nós, e o que eu queria para a minha vida? Acho injusto a gente se esvaziar de sonhos, de amigos, de outros amores, de planos, de coisas que nos fazem bem. Para mim, a vida é soma: a gente junta uma coisa com a outra,vai enchendo o coração,preenchendo nossos espaços. É bem verdade que muitas vezes precisamos mandar tudo embora para recomeçar novamente. Mas o importa é que a gente nunca deixe de se enxergar no espelho e se ver no fundo.Certas dúvidas sacodem minhas certezas. Certos passos em falso abalam meu caminhar. A gente é tão pequeno, tão humano, tão simples. E a vida, meu amigo, é tão complexa, complicada, difícil. Será mesmo? O amor é tão simples. Um mais um é dois. E assim vamos somando. Mas e a vida? E o dia a dia? O amor e a cabana vão bem, obrigada. Mas a vida real grita lá fora, toca meu rosto e diz: o futuro pertence ao futuro. Ninguém sabe o que virá. E é isso que pouco a pouco mata. Ou, enfim, é o que nos faz lutar para sobreviver todos os dias.