Desabafo (3)

 

 

 

"Hoje quero me confessar. Andei pensando e analisando as coisas que andei fazendo, as coisas que não fiz e as que vou fazer muito em breve. Hoje quero dizer o quanto sou medrosa, o quanto tenho medo de sair até a esquina sozinha, o quanto ando torta me escondendo de críticas construtivas e destrutivas. Andei me observando e quando estou andando por aí, sempre abaixo a cabeça com medo de olhar nos olhos das pessoas e saber o que elas estão pensando e a nota que estão me dando. Hoje quero parar de sentir esse medo de falar o que sinto sem ter que usar a escrita ou o destruidor e construtor de relações conhecido como messenger. Andei lendo coisas que não machucariam tanto se fossem palavras, se fossem ditas no momento, no brilho dos olhos e não separadas por uma tela. Hoje quero parar de repetir para mim e para ou outros que sou uma pessoa só. Que não mudo, que sigo uma linha reta e que sempre sou eu mesma. Porque nunca sou. Andei agindo de acordo com o compasso alheio, adapto meu jeito ao jeito das pessoas com quem convivo, assim posso agradá-las e desse mesmo jeitinho consigo satisfazer meu desejo de não ser tão sozinha. Porque as pessoas criam limites em suas relações, determinam o que você deve ser. E se você ama essas pessoas tende a ser do jeito que elas querem. Isso não é tão ruim. O amor tem dois lados. Ou quem sabe três lados. Hoje quero dizer as coisas que ficaram fechadas no dia de ontem, que não puderam sair porque a coragem me escorrega pelas mãos. Andei dizendo por aí que não vivo bem, que minha vida é a pior de todas as drogas. E me arrependo. Hoje sei o quanto é importante estar presente no dia de hoje. Parei de andar avaliando as coisas do passado. Hoje eu quero, apenas hoje, deixe que o ontem e o amanhã se ataquem a minha espera. Não quero mais tempo gasto. Quero toque, amor, palavras. Hoje quero a vida e sei que ela me quer também."